sábado, 27 de junho de 2015

Estudos não tão organizados assim

Olá pessoal!

Final de semestre chegando, últimas provas semana que vem, sabem o que a palavra "férias" significa pra mim? Significa algo como "posso acordar meio dia sem peso na consciência por não ter estudado! HAHA". É mais ou menos isso :P

Bom, neste post vou resumir a forma como estou organizando meus estudos desde que entrei na faculdade. Diferentemente de quando eu estava estudando para o vestibular, agora existem muitas outras coisas que preciso fazer, não é apenas estudar a matéria dada em aula. Tenho trabalhos para fazer, relatórios para escrever, sou membro do Centro Acadêmico do meu curso, enfim, o tempo tem que ser bem administrado mesmo. Particularmente acho que o ideal é tentar estudar cada tópico de cada matéria no dia em que tal assunto foi discutido em aula, porém não tenho conseguido fazer isso. No fim das contas os assuntos a serem estudados ficam de certa forma acumulados, tem sido difícil evitar isso =/

Em matérias como Cálculo, Física, Química, meu método de estudos é basicamente a resolução de exercícios. Muitos. Entender bem a lógica por trás das muitas fórmulas, equações e teoremas é obviamente importante, e conforme eu resolvo exercícios esse entendimento vai ficando mais completo. Além disso, não se pode deixar uma coisa importante de lado, que é ir bem nas provas e PASSAR nas matérias, né! As provas dessas matérias não fogem muito de um certo modelo, que é baseado em exercícios que são meio que "padronizados". Portanto a resolução dos muitos exercícios existentes nos livros serve também como uma forma de pegar a "manha" desses exercícios. Assistir à aulas no YouTube, onde é possível encontrar excelentes explicações, também continua sendo um método que utilizo.

Meu curso não possui muitas matérias que sejam mais teóricas (acredito que seja assim com quase todas as engenharias), mas com este tipo de matéria eu procuro fazer resumos e focar nos conceito-chaves. Este semestre estou fazendo Química Inorgânica, que é uma dessas matérias. Fiz resumos das aulas e dos capítulos de livro que tratam do assunto das mesmas. Acho que é uma boa forma de reter os pontos principais. Além disso, resolver listas de exercícios dos professores é, com certeza, uma ótima forma de estudar e inclusive de se preparar para as provas, pois existe grande chance de a prova conter coisas muito parecidas com àquelas presentes nas listas.
Enfim, apesar da eficácia de um método de estudo ser de certa forma algo pessoal, acredito que o que eu disse aqui pode servir pra maioria das pessoas ;)!

Não me considero uma pessoa que tenha muita facilidade com essas matérias exatas (que são uma dor de cabeça pra muita gente), por isso eu realmente estudo bastante. Talvez você, que está aí trabalhando numa fábrica e começou a pensar na idéia de estudar, entrar numa faculdade, tenha muito mais facilidade do que eu =)!
Não existe uma "receita" que vá funcionar para todos, porém a força de vontade com certeza é um ingrediente necessário em qualquer uma delas. Se você estiver decidido e com seu foco bem definido, encontrará a forma de estudos que melhor se encaixa ao seu perfil.

E é isso! Quero deixar aqui também um conselho: não pense que você não é capaz. Eu sou uma pessoa EXTREMAMENTE pessimista, e hoje vejo como isso já me prejudicou. Eu não acreditava em mim, quando comecei a cogitar a possibilidade de voltar a estudar eu mesmo me impunha mil e uma dificuldades. Não faça isso. Se você pretende buscar algo melhor para seu futuro através dos estudos, busque. Não coloque obstáculos, não ache que não é pra você.

Um abraço a todos!


domingo, 14 de junho de 2015

"Aluno de graduação em Engenharia Física - Universidade de São Paulo - USP"

Olá pessoal!

Vou começar esse post com uma imagem que resume tudo o que foi dito até aqui:




Essa foto é do dia da minha matrícula na Universidade de São Paulo. A primeira carteira de estudante que é entregue é provisória, pois a confirmação de interesse em ficar com a vaga conquistada é feita no final do semestre (junho).
Bom, e o que muda sendo agora um estudante universitário?Mais precisamente, um estudante da Universidade de São Paulo? Bastante coisa. Após conquistar a USP, sem dúvida é possível conquistar o mundo, como está escrito no folheto que é entregue no dia da matrícula. Mas como a primeira conquista, a segunda também demanda muito esforço, dedicação e empenho.

Vou explicar como funciona o meu curso (Engenharia Física), mas acredito que muito do que vou dizer aqui deva valer para muitos outros cursos da USP. O curso de Engenharia Física é dividido em semestres. O total de semestres ideal para sua conclusão é de 10, ou seja, 5 anos. "Ideal" aqui significa que, para concluir o curso neste tempo, você deve cursar todas as disciplinas sem "repetir". O tempo máximo para conclusão do curso é de 15 semestres, o que significa que, se neste intervalo de tempo desde seu ingresso você não concluir o curso, você será "jubilado"(expulso da faculdade, por assim dizer).
As matérias do curso são divididas em "créditos". Vou tirar a definição de crédito do próprio site da USP:

"Crédito é a unidade correspondente às atividades exigidas do aluno. As atividades relativas às aulas teóricas, aos seminários e às aulas práticas têm seu valor determinado em crédito-aula. Cada crédito-aula corresponde a quinze horas-aula"
Além disso, existe a obrigatoriedade de se concluir os "créditos-trabalho", que são relativos à iniciações científicas (irei fazer um post sobre isso), participação em eventos realizados pela Universidade, entre outros. Resumindo, o curso possui um total de 3735 horas em créditos-aula, além de 750 horas de créditos-trabalho (dos quais 360 são relativos ao estágio obrigatório). É bastante coisa, acreditem em mim.
Ao realizar a matrícula na faculdade, você ja é automaticamente matriculado nas matérias do primeiro semestre. No meu caso, foram as seguintes:




Como vocês podem ver, a carga horária das matérias é contada como créditos. 28 créditos no semestre significa, de forma resumida, que eu tinha 28 horas de aula por semana. Pensem nas 3735 horas de aula necessárias pra conclusão do curso... =P
Do segundo semestre em diante você deve realizar as matrículas em cada matéria por si mesmo. Existe uma certa "liberdade" na escolha de de suas matérias,. Por exemplo, apesar da matéria Química de Materiais ser uma matéria do segundo semestre do meu curso, eu poderia ter optado por não fazê-la no segundo semestre, ou seja, não me matricular. Porém, essa liberdade é relativa mesmo, uma vez que a matéria TEM que ser cursada para que se conclua o curso. Além disso, existem os "requisitos" de matéria. Não é possível cursar Cálculo II se você não se matriculou e passou em Cálculo I, por exemplo. O curso inteiro funciona desta forma: deve-se ter passado em uma matéria "X" para que se possa cursar a matéria "Y". Daí vem uma grande pressão para não repetir as matérias, uma vez que repetir em uma matéria pode significar um atraso em seu curso.
Com relação à notas (coisa muito importante, haha): a média em Engenharia Física (e na maioria dos cursos da USP) é 5,0. Grande parte das matérias é avaliada com duas provas, as famigeradas P1 e P2. A P1 é a prova realizada no meio do semestre, e a P2 no final. Se sua média das duas provas for superior à 5,0, corra pro abraço. Se estiver entre 3 e 5, ainda tem tempo de recuperar: você poderá realizar uma prova de recuperação, e a média da sua média anterior + nota da recuperação deve ficar maior ou igual a 5,0. Se a média das suas provas P1 e P2 for inferior a 3,0, dançou. Você pegou DP(dependência), ou seja, repetiu. Existem matérias que possuem outros quesitos na avaliação, como trabalhos escritos, apresentação de seminários, entre outros. Mas o que descrevi acima se aplica à maioria das matérias.

Esse é um resumo das suas "obrigações" dentro da USP. Mas ser estudante universitário não significa apenas cumprir com suas matérias obrigatórias, longe disso. Existem MUITAS outras atividades que podem ser realizadas, a saber: esportes, participar das entidades estudantis (como centros acadêmicos e empresas júnior), entre outras coisas. Acredito que aproveitar todas essas oportunidades dentro da universidade é muito importante, pois a construção do futuro profissional tem como base inicial o seu trajeto durante a graduação;. Eu, no momento, faço parte do Centro Acadêmico de Engenharia Física, e irei começar um projeto de Iniciação Científica provavelmente em agosto.
É possível perceber que a vida de estudante dentro da USP é bem agitada, né? O melhor disso tudo, a meu ver, são as perspectivas para o futuro. Eu não costumo ser uma pessoa muito otimista (quem leu meus outros posts já deve ter percebido isso), mas eu acredito que essa caminhada na graduação irá me abrir muitas portas, me proporcionar muitos bons contatos e um futuro promissor. Sempre penso no contraste que esse fato tem com minha antiga rotina no Japão: qual era a perspectiva lá? Quais eram as chances pro futuro? Pensem nisso =)!

No próximo post irei detalhar mais o meu esquema de estudos para "sobreviver" dentro da universidade, hehe!

Abraço a todos!








segunda-feira, 1 de junho de 2015

"Como eu vim parar na USP?" Parte final - Resultados

Olá pessoal! Desculpem a demora em dar continuidade ao post "Como eu vim parar na USP?", a faculdade está consumindo praticamente todo o meu tempo.. mas vamos lá ;) !

Bom, assim que terminei a segunda fase da Fuvest, que foi o último vestibular que faltava, tudo que me restava era esperar. Eu estava confiante em relação à Unesp e ao SISU, no qual me inscrevi em Engenharia na UFABC. Não tinha muita esperança de ter conseguido vaga nas outras universidades para as quais eu havia prestado (USP, UNICAMP e UNIFESP). A esta altura eu ja estava saturado, o último ano e meio da minha vida se resumira a estudar e ficar muito ansioso. Precisava de um descanso, e para isso, uni o útil ao agradável: Japão!

Em junho de 2014 iria fazer 3 anos que eu havia saido do Japão, e com isso o meu Re-Entry ( para quem não sabe do que se trata, veja aqui) iria vencer. Perder a data do Re-Entry significaria perder o visto permanente que eu possuía para o Japão, algo que eu não queria que acontecesse. Com isso, resolvi voltar para o Japão e esperar o resultado dos vestibulares por lá, assim além de matar as saudades que eu estava sentindo (dá pra imaginar né?), eu iria de certa forma "renovar" meu Re-Entry.
Enquanto eu programava a viagem para o Japão, a primeira boa notícia veio: passei na primeira chamada pelo SISU para a UFABC! O MEC havia liberado o resultado da primeira chamada dia 13 de Janeiro, e eu estava entre os selecionados. Senti uma imensa alegria com isso, pois agora sabia que, mesmo que não houvesse conseguido passar em nenhuma das outras faculdades públicas, uma vaga em uma universidade federal ja estava garantida =)
Minha viagem já estava marcada: embarcaria para o Japão dia 15 de Janeiro, e voltaria dia 31 do mesmo mês, e isso por um motivo: o resultado da Fuvest estava programado para sair no dia 2 de fevereiro, e eu obviamente queria estar aqui no Brasil quando isso acontecesse. Como eu tive que marcar minha viagem praticamente de última hora, e havia passado na UFABC, foi uma correria terrível para que eu me matriculasse na faculdade (a matrícula tinha que ser feita até o dia 21!). Ainda irei dedicar um post à isso. Deixei uma procuração para a minha mãe fazer a matrícula para mim, pois 2 dias depois de sair o resultado eu já estava embarcando para o Japão.

Ir para o Japão passar essas curtas "férias" foi realmente muito bom. Foi uma experiência diferente, mesmo após ter vivido metade da minha via lá. Passei a notar coisas que simplesmente passavam despercebido por mim, como o absoluto silencio dentro dos trens, a educação com a qual você é tratado em qualquer lugar que você entre, enfim, coisas do dia-a-dia que diferenciam o Japão da maioria do resto do mundo. Revi amigos de infância, comi muito e descansei bastante :P
Minha mãe me mandou fotos da UFABC de quando foi fazer minha matrícula, e uma foto da matrícula também, é claro. Ou seja, agora eu era oficialmente um aluno de graduação em uma universidade federal! Não é difícil imaginar o quanto isso significou para mim, depois de todo o esforço, finalmente estava vendo um resultado concreto.
Renovei meu Re-Entry no Japão, e como a lei havia mudado depois que sai de lá em 2011, agora a validade do Re-Entry era de 5 anos.
Passadas pouco mais de duas semanas, chegou a hora de voltar ao Brasil.. Nessa volta senti um misto de alegria e tristeza. Alegria por já saber de um resultado positivo, de saber que meus próximos anos seriam dedicados a trilhar um caminho promissor para o meu futuro. Tristeza por estar novamente deixando o Japão.
Como eu falei anteriormente, a Fuvest havia marcado para divulgar a primeira chamada do vestibular no dia 2 de fevereiro. Embarquei de volta no dia 31 para chegar no Brasil dia primeiro, e aguardar com uma ansiedade infinita esta chamada. Porém, ocorreu que a Fuvest decidiu antecipar essa divulgação, a qual foi feita no próprio dia primeiro! Enquanto eu estava voando, a primeira chamada do vestibular para a USP estava sendo divulgada, e eu obviamente não fazia a menor ideia disso.
Aterrizei no aeroporto internacional de Guarulhos na tarde do dia primeiro, uma tarde de verão com um calor infernal. Meus pais estavam me esperando no aeroporto, imagino como eles deveriam estar ansiosos.. =D

Apareci naquele corredorzinho onde todos esperam quem está chegando de viagem, e lá estavam eles. Fui empurrando meu carrinho com minhas malas tranquilamente, e minha mãe já veio toda eufórica em minha direção. Beijos, abraços, minha mãe diz:
- Vem cá, tenho uma coisa pra te mostrar!
Ok mãe, o que é?
- Olha aqui:
Ela me mostra o celular com uma tabela, aquelas letras pequeninas que são ruins de ler. Logo que eu vi não entendi muito bem do que se tratava, mas analisando com um pouco mais de calma, lá estava:

FUVEST - LISTA DE PUBLICAÇÃO - PRIMEIRA CHAMADA

E constava um nome familiar lá: PEDRO NOVAK NISHIMOTO

Sim, era isso mesmo: eu havia passado na primeira chamada para a Universidade de São Paulo! A ficha demorou um pouco para cair na minha cabeça. Havia acabado de chegar de uma viagem de mais de 30 horas, não tinha dormido quase nada no avião, estava "embriagado" de sono e cansaço. Eu realmente levei um tempo para digerir essa informação e me dar conta de que o meu objetivo inicial havia sido alcançado. Após isso, outros resultados vieram: UNICAMP, UNESP e UNIFESP. Eu havia passado em TODOS os vestibulares que prestara, na primeira chamada. Lembram que eu prestei o vestibular da FEI (faculdade particular) para Engenharia Elétrica, apenas para "garantir" caso não passasse em nenhuma das faculdades públicas? Pois é..eu não esperava que o resulado fosse tão positivo.

Bom, termina aqui minha série de postagens sobre como eu vim parar na USP, afinal, acho que já deu pra entender como né =)
Do próximo post em diante, irei falar sobre a minha rotina como estudante de Engenharia Física na USP.

Um abraço à todos!

quinta-feira, 12 de março de 2015

"Como eu vim parar na USP?" Pt.4 - Hora de ser testado!

Continuando então..(tá ficando longo heim =/)

O ENEM foi a primeira prova da lista de vestibulares que eu viria a realizar. Quando sua data já estava próxima (final de outubro de 2013), parei de fazer os simulados. Comecei a voltar para casa assim que a aula do cursinho terminava (12:50). Chegava em casa, almoçava e fazia resumo dos conteúdos estudados até então, além de continuar focando nas dificuldades, até mais ou menos às 8 da noite. Não vou negar, a essa altura eu já estava bem saturado, o ano havia sido extremamente puxado, além de toda a pressão psicológica que eu estava sentindo diante do que estava por vir.
Cerca de uma semana antes do ENEM eles enviam para cada um dos inscritos uma carta, com os dados sobre sua inscrição, local de prova etc. Apesar de não ser meu foco (pode-se utilizar a nota do ENEM para entrar em todas as faculdades federais do Brasil, como UFScar, UFMG, UFABC etc), minha ansiedade com essa prova estava batendo nas nuvens. Seria, afinal, a primeira prova DE VERDADE que eu iria realizar, a qual iria me dar o certificado de conclusão do ensino médio, além de ser a hora de testar o resultado de todo o trabalho árduo realizado até então.


Chegou então o dia da prova. O ENEM é constituído de 2 dias de prova, dos quais o primeiro versa sobre o que eles chamam de “Ciências Humanas e suas tecnologias“ e “Ciências da Natureza e suas Tecnologias“, as quais podem ser entendidas como História, Geografia, Física, Química e Biologia.
Meu local de prova era relativamente perto de onde eu estava morando, e meu pai me levou no dia da prova. Os portões são abertos uma hora antes do início da prova, e fecham EXATAMENTE no tempo que eles pré-definem. São clássicas as imagens de gente passando por baixo do portão fechando, ou mesmo chegando um segundo depois que estes fecharam. Nesse caso, só resta chorar. Tem que esperar o próximo ano, pois eles são intransigentes. Um segundo de atraso significa um ano de trabalho jogado no lixo. Como eu já sabia disso, fui precavido: cheguei ao local da prova mais de uma hora antes, por garantia. Abracei meu pai, ele me desejou “boa sorte“ (aqui entre aspas pois não se trata de sorte..), e logo vi que já havia uma boa movimentação no local. Minha prova foi em uma escola e estava fazendo um calor INFERNAL nesse dia. Fiquei do lado de fora esperando, e eu estava bastante nervoso. Entrei na sala faltando uma meia hora pro início da prova, e tentava de toda forma tranquilizar minha mente, pois um psicológico perturbado pode colocar tudo a perder.
O fato de eu ter realizado tantos simulados ao longo do ano me ajudaram bastante, pois apesar de não ser a mesma coisa que estar fazendo a prova PRA VALER, eles simulavam da melhor forma possível a atmosfera dos vestibulares. Eu ja tinha uma boa prática em relação ao controle do tempo, que é essencial em todos os vestibulares. No primeiro dia do ENEM, você tem 4h30min para fazer uma prova com 90 questões, cada questão possuindo 5 alternativas, das quais apenas uma é a correta. Façamos as contas: são 3 minutos para resolver cada questão. Trata-se de uma prova exaustiva, com enunciados longos, e que possui questões desde níveis bastante fáceis até outras extremamente complexas (estas em sua maioria na parte de interpretação de textos e exatas).

Os primeiros 15 minutos após o início da prova serviram apenas para eu me situar: lembro bem que li e reli a primeira questão VÁRIAS vezes, e quando eu olhava as alternativas, parecia que nem sabia do que se tratava. Eu estava MUITO nervoso, então esses primeiros 15 minutos serviram apenas para eu me acalmar e não por tudo a perder. Uma vez iniciada a prova, simplesmente não vi o tempo passar. Fiquei totalmente focado na resolução das questões, foi como se o mundo lá fora não existisse. Utilizei a mesma técnica que eu adotei nos simulados e que, para mim, funcionou bem: lia o enunciado duas ou no máximo três vezes, procurava eliminar as alternativas obviamente erradas e, se eu ficasse muito em dúvida ou não soubesse, passava para a próxima. Fiz a prova na ordem em que as questões vinham, sem escolher uma determinada matéria para iniciar. Dessa forma, repassei toda a prova cerca de 3 vezes, cada vez resolvendo as questões que haviam ficado para trás.
Ao terminar a prova eu estava exausto, com dor de cabeça, mas confiante. Tinha dito para mim mesmo que não iria corrigir a prova ao chegar em casa, pois no caso de ter ido mau isso poderia afetar meu desempenho no dia seguinte. O gabarito sai no mesmo dia, se não me engano às 20 horas.
O segundo dia de prova foi semelhante, porém este versa sobre “Linguagens, códigos e suas Tecnologias“, além de “Matemática e suas Tecnologias“, resumindo: Português, Literatura, Filosofia e Matemática, além da redação. Por causa desta última, o segundo dia de prova possui 5h30min de duração. Sim, é extremamente cansativo, e escrever uma redação nessas condições é um desafio. Novamente, ter escrito dezenas de redações ao longo do ano me ajudou muito, pois eu já estava com uma boa destreza em relação à isso. Fiz novamente a prova do mesmo modo que eu citei, e deixei a redação por último. Sai da prova de certa forma aliviado, havia sobrevivido ao meu primeiro grande teste!

Então, saiu o gabarito na internet e eu conferi: no total, 130 acertos, das 180 questões nos 2 dias de prova. Isso significa 72,2% de acertos totais, resultado que me deixou extremamente animado. O resultado da redação, que era de extrema importância, só viria sair quando o resultado final da prova saísse, com a pontuação de cada participante (no ENEM são é exatamente a quantidade de acertos que conta).
Segui então para os próximos vestibulares, que foram SEMANAIS. Ou seja, do final de outubro até o meio de dezembro eu prestei vestibular TODO fim de semana. No caso dos vestibulares (USP, UNICAMP, UNESP e UNIFESP), há a primeira faze e a segunda fase, apesar de algumas poucas diferenças entre cada um deles (não vou entrar em detalhes se não esse texto não acaba nunca :P).
O vestibular da FEI, que foi o único particular que eu prestei, possui apenas uma fase.

As provas dos vestibulares possuem um nível de dificuldade bem superior ao ENEM. A primeira fase da FUVEST, para mim, foi a mais difícil. Questões extremamente conceituais (90 delas), enunciados enxutos e diretos. Sem dúvida é uma prova que, para se sair bem, você TEM que estar com o conteúdo bem consolidado em sua cabeça. A primeira fase da UNICAMP possui apenas 48 questões, mas havia DUAS redações! Foi o único vestibular que eu fiz que tinha redação na primeira fase. A prova em si possui um nível de dificuldade inferior ao da FUVEST, mas as duas reações complicam tudo: o tempo simplesmente não é suficiente. Já a primeira fase da UNESP, que também tem 90 questões, tem um nível de dificuldade entre o da FUVEST e o da UNICAMP. O vestibular da FEI tinha 50 questões, e um nível de dificuldade médio.

Fiz os vestibulares na seguinte ordem: ENEM, UNESP, FEI, UNICAM e FUVEST. O procedimento de cda um deles foi bem similar ao do ENEM, com a diferença sendo, como eu já citei, a dificuldade. A prova da FUVEST foi destruidora. Questões realmente difíceis, muitas delas respondi sem ter certeza. Essa era a prova mais importante para mim, pois o que eu queria mesmo era a USP, e por isso sai do primeiro dia de prova bem desanimado, não achando que havia tido um bom desempenho.
No fim das contas, o saldo foi positivo: fui para a segunda fase em todos os vestibulares que prestei, além de ter passado na FEI também. Aqui, darei uma breve explicação sobre as segundas fases: diferentemente das primeiras, estas se tratam de provas dissertativas, ou seja, não existem alternativas para “escolher“. É necessário que você redija as respostas de cada questão, sejam elas de qual matéria for. No caso das questões de exatas, é necessário que se deixe todos os cálculos que foram utilizados na resolução dos problemas. Resumindo, essas são as verdadeiras provas FODAS. Não tem chute. Ou você sabe responder/resolver a questão, ou não sabe.

As segundas fazes foram de dezembro de 2013 à janeiro de 2014. Não lembro bem em qual ordem foram, mas vou arriscar: UNESP, UNIFESP, FUVEST e UNICAMP,  as duas últimas nas duas primeiras semanas de janeiro de 2014, respectivamente. As provas de segunda fase são bastante difíceis, apesar de serem constituídas por menos questões e haver um tempo razoável para suas resoluções. Obviamente a mais complicada foi a da FUVEST, com questões dificílimas. A única prova da qual eu sai com uma certa confiança foi a da UNESP. Fiz os 3 dias de provas e sai satisfeito, com reais esperanças de conseguir a vaga. No caso da USP, UNICAMP e UNIFESP, não sai muito confiante. Os resultados levariam cerca de 3 semanas para sairem, e até então, me restava apenas esperar. Havia concluído a tarefa que eu havia proposto à mim mesmo, pouco mais de 2 anos antes.

E agora? Bom, já que não havia mais o que fazer até saírem os resultados, eu PRECISAVA de um descanso. E eu tive esse descanso, adivinhem onde? :P
No próximo post, falarei sobre meu curto descanso no Japão e os tão aguardados resultados dos vestibulares.

Um abraço à todos!



segunda-feira, 2 de março de 2015

"Como eu vim parar na USP?" Pt.3 - Organização para estudos PESADOS

Olá pessoal!

Dando continuidade ao último post..

Fiz minha matrícula no Objetivo Paulista em dezembro de 2012 com 80% de bolsa, início das aulas previsto para fevereiro de 2013. Ao realizar essa matrícula lembro-me bem do pensamento que tive: "Pode dar certo! Talvez eu consiga mesmo entrar numa faculdade, quem sabe até mesmo uma pública!". Vocês podem me perguntar "ué, mas a essa altura você ainda tinha essas dúvidas?", e eu respondo: SIM. Sou uma pessoa um tanto quanto pessimista, dificilmente acredito que coisas improváveis possam acontecer, e era extremamente improvável que eu conseguisse entrar numa BOA faculdade pelos vestibulares DAQUELE ANO ainda.
Continuei, então, estudando sozinho em casa. Eu já estava estudando o conteúdo do ensino médio, e já estava bem regrado quanto aos meus horários e organização dos estudos, que eram feitos da seguinte forma: após uma boa pesquisa sobre os melhores livros didáticos para o ensino médio, encontrei-os na internet, em pdf, e utilizei esses livros para guiarem meus estudos. Foram os seguintes livros:



Da esquerda para a direita: Matemática Volume Único, Gramática da Língua Portuguesa, Os fundamentos da Física (são três volumes), Biologia Volume Único, além de uma coleção também em três volumes de química do Ricardo Feltre (esse último não possuo imagem). Para História do Brasil utilizei o livro do Nelson Piletti (também não possuo imagem).
As demais matérias, como História Geral, Geografia, Literatura, Filosofia, não consegui encontrar livros na internet, portanto em relação à essas matérias estudei sem livros, apenas pesquisando quais são os conteúdos cobrados nos vestibulares. Ah, tem também a redação, que é de EXTREMA importância para QUALQUER vestibular. Você TEM que saber escrever bem. Eu só viria começar a treinar redação no cursinho, por motivos óbvios.
Segui os conteúdos das matérias de acordo com a ordem em que aparecem nos livros, ou seja, desde seus respectivos começos. Acompanhava cada tópico com vídeo aulas no youtube (existem excelentes canais de praticamente todas as matérias, farei uma boa lista em um futuro tópico), pesquisas no Google, sites de estudos, fóruns, etc. Recursos existem aos montes. Uma vez estudados os conteúdos, eu praticava exercícios. MUITOS. As matérias que eu não possuía livros eram as que davam mais trabalho nesse quesito, pois precisava ficar procurando exercícios na internet para poder treinar a fixação dos conteúdos, e tinham que ser exercícios que tivessem resposta, de preferência. Isso demandava um bom tempo e era um pouco cansativo, mas tem-se que ter paciência mesmo.

Consegui excelentes resultados estudando dessa forma. Se tivesse ficado esperando iniciar as aulas no cursinho, sem fazer nada até então, teria sido muito mais complicado: como eu já disse, o cursinho é uma revisão intensiva, ou seja, se você não souber simplesmente nada e for querer aprender tudo lá, do zero, fica bem complicado. As aulas iniciaram na primeira semana de fevereiro, e eu obviamente não podia estar mais ansioso. Depois de tanto tempo sem saber o que era uma sala de aula (o supletivo que eu fiz nem entra nesse quesito) senti uma grande emoção quando entrei naquela sala de aula, enorme, lotada de jovens em busca do mesmo que eu. Com os primeiros dias e semanas de aula, vi também o quanto os meus estudos tinham rendido: muito do que eles davam lá eu já havia estudado em casa.
A minha rotina, então, ficou da seguinte forma:acordava as 5 da manhã, tinha aula no cursinho das 7 da manhã às 12:50, fazia pausa de uma hora de almoço (almoçava no cursinho mesmo), e ficava das 14 horas até mais ou menos 19 horas nas salas de estudo, onde também haviam monitores de todas as matérias para esclarecer dúvidas. Tinha aula de redação uma vez por semana, além de, também, escrever redação para as aulas de português, ou seja: escrevia duas redações por semana. Levava entre uma hora e uma hora e meia para chegar em casa, tomava banho, jantava e CAMA. Essa rotina era de segunda a sábado (no sábado tinha aulas das matérias específicas de exatas, ou seja, matemática, física e química).

Conforme os meses foram passando, as dificuldades foram ficando maiores. Eu obviamente não havia conseguido estudar todo o conteúdo necessário em casa sozinho (lembrem-se de como eu tive pouco tempo). Quando começaram os tópicos que eu nunca havia ouvido falar, minhas dificuldades aumentaram bastante. Havia simulados frequentes no cursinho, com provas simulando ENEM e vestibulares (USP, UNICAMP, UNESP etc). Mantive o ritmo que eu descrevi acima ininterruptamente até mais ou menos julho, quando houve as férias do meio do ano (aproximadamente 20 dias). Férias aqui deve ficar entre aspas.  Não estava tendo aula, mas continuei estudando fortemente em casa, seguindo praticamente o mesmo ritmo. Quando as aulas voltaram, o clima já estava quente: os vestibulares já estavam próximos, a inscrição para o ENEM estava prestes a abrir, eu ja começava sentir a pressão que estava por vir. Estava indo bem nas matérias, porém ainda possuía uma nítida dificuldade em exatas. São matérias que você necessita ter uma base muito sólida pra conseguir avançar nos conteúdos, e a minha base não era tão sólida assim. Tive que aprender tudo muito rapidamente, com pouco tempo para consolidar as coisas na cabeça.

A rotina ficou mais pesada depois que as aulas voltaram: havia simulado TODO FINAL DE SEMANA. E eu fiz TODOS. Os simulados duravam três dias (sábado, domingo e segunda) e iniciavam às 14 horas. Era uma loucura: assistia a aula normalmente, até 12:50, almoçava voando e entrava na sala para encarar uma prova de 4, 5 horas.
Em meados de agosto (não me lembro muito bem a data), as inscrições para o ENEM abriram. Fiz a minha logo no primeiro dia, e marquei a opção para receber o certificado de conclusão do ensino médio (sim, oficialmente eu tinha apenas o ensino fundamental, e estava querendo entrar na USP no ano seguinte...que rapazinho petulante.). Seguiram-se nos meses seguintes as inscrições para os outros vestibulares. Eu me inscrevi nos seguintes, além do ENEM: Fuvest (para a USP), COMVEST (para a UNICAMP), UNESP, UNIFESP e FEI (essa é uma faculdade particular).

Mas por que eu me inscrevi no vestibular de uma faculdade particular? Simples: no fundo, eu achava que havia grandes chances de eu não passar em nenhuma faculdade pública (que, como acredito que todos sabem, são as mais difíceis e mais conceituadas, no Brasil). Pensando nisso, decidi me inscrever também no vestibular da FEI, que é uma boa particular para Engenharia. Eu não teria condições de pagar a mensalidade, porém iria recorrer ao FIES (para quem quiser mais informações sobre o FIES, pode encontrar aqui). Não era nem de longe o que eu queria, mas, para mim, seria essa a saída caso não entrasse em nenhuma faculdade pública (o que eu achava que era o mais provável).

No próximo post, irei detalhar a época dos vestibulares, as provas, a tensão e tudo o que se sucedeu!

Um abraço à todos!







sábado, 21 de fevereiro de 2015

"Como eu vim parar na USP?" Pt.2 - Adeus, Japão.

Olá!
Dando continuidade ao último post..

A ideia de deixar o Japão para buscar uma vida melhor através dos estudos, apesar de já estar formada na minha cabeça naquele momento, ainda me trazia muita insegurança, além de, no fundo, eu estar cético quanto a viabilidade disso tudo. Eu nunca havia retornado ao Brasil desde que fora com minha família para o Japão, e isso também me preocupava. Será que eu me adaptaria no Brasil? No meio de um mar de incertezas e dúvidas, a única coisa que era certa para mim era que eu iria, SIM, deixar a "vida de dekassegui".
Minha irmã mais velha, que também morou no Japão, estava na época (e ainda esta hoje) morando em Barcelona. Ela sugeriu que eu passasse uns dias por lá antes de vir para o Brasil. Eu já havia visitado-a em 2007, quando então ela estava morando na Inglaterra, e esta fora a primeira e única vez, até então, que eu havia deixado o Japão.
Aceitei o conselho dela e decidi que iria passar uns dias com ela antes de vir para o Brasil. Esta foi, sem dúvida, uma das melhores decisões que eu tomei.

Embarquei no dia 28 de junho de 2011 para o Brasil, mas com um "stop-over" programado para a Europa. Desci em Frankfurt, na Alemanha, onde recebi meu visto de turista para a União Europeia, o qual tem duração de 90 dias.
Em resumo, fiquei 85 dias na Europa, e agora explico por que essa foi uma das melhores decisões que eu podia ter tomado: estas "férias pelo mundo" abriram a minha cabeça. Me fizeram enxergar como o mundo é vasto,e como existem coisas para serem vistas e provadas. Tive a mais absoluta certeza de que não queria mais aquela rotina enfadonha das fábricas no Japão. Todas as dúvidas e incertezas que eu carregava comigo foram amenizadas, pois eu tive uma amostra do mundo que me esperava fora das fábricas, um mundo que eu poderia alcançar.

Terminada a experiência pelo mundo, o destino final me esperava. Cheguei no Brasil dia 24 de setembro de 2011. Fazia bastante calor, e meus pais me esperavam no aeroporto de Guarulhos.
Lembro-me da primeira coisa que me chamou a atenção: placas escritas em português! Propagandas, avisos, tudo escrito no "alfabeto romano" e em português. Ridiculamente óbvio, não? Sim, óbvio, mas lembro-me bem de ter sentido um certo "impacto" com esse detalhe.
Malas colocadas no carro, estacionamento pago, vamos para casa. Pelo caminho, eu observava tudo atentamente, e várias coisas já começavam a me incomodar: motoristas fechando meu pai o tempo todo, sujeira na rua, sinalização péssima. É, não seria nada fácil me adaptar ao Brasil. E não foi.
Os 3 primeiros meses foram dificílimos. Entrei em depressão, não tinha vontade de fazer absolutamente nada, não saia na rua nem pra ir à padaria comprar um pão. Nenhum amigo, nenhum conhecido aqui, sozinho em casa o dia inteiro. Por vezes cheguei a pensar em voltar pro Japão, mas era só imaginar minha antiga rotina que esses pensamentos se desvaneciam.

Passado esse primeiro momento difícil (o qual incluiu outros problemas pessoais que não vem ao caso), comecei a "me mexer". Comecei a pesquisar sobre os estudos na internet. Eu estava completamente por fora de tudo, obviamente: não sabia como funcionavam os vestibulares, não sabia pra que servia o ENEM, enfim, não sabia nem por onde começar. No meu caso, precisava fazer o seguinte: terminar o ensino fundamental e o médio para então poder me preparar para um vestibular. Eu estava com 24 para 25 anos, portanto tinha pressa. Precisava agilizar o máximo possível isso.

Comecei a estudar sozinho em casa, ao mesmo tempo em que procurava o meio disponível para eu poder concluir meu ensino fundamental. O meio que encontrei foi fazer supletivo em um colégio particular em São Paulo, o qual teria duração de 6 meses por série (teoricamente). Porém, eu não possuía documento escolar, pois a "escola brasileira" que eu frequentei no Japão, até a oitava série (sem tê-la concluído de fato), não me deu documento algum. Isso me preocupou muito, pois seria inviável ficar anos fazendo supletivo para concluir o ensino fundamental. Depois de muita procura, muitas ligações e muito "chá de cadeira" (elementos indissociáveis do cotidiano no Brasil), consegui encontrar um colégio que possuía o supletivo do ensino fundamental e médio, e que aplicava uma "prova de nivelamento" para quem não possuísse documento escolar. Com essa prova, que incluía as disciplinas obrigatórias do ensino fundamental, a pessoa poderia ser alocada em uma série de acordo com o conhecimento que possuía. Essa busca durou cerca de 4 meses, e durante todo esse tempo eu já estava estudando pesadamente em casa. Acordava mais ou menos as 9 horas da manhã, e estudava até as 10 da noite, todos os dias. Utilizava video aulas no youtube para os conteúdos das matérias, os quais por sua vez eu pesquisava no Google para saber quais eram, a ordem em que vinham etc. Depois de assistir as video aulas dos respectivos assuntos, eu voltava ao Google para pesquisar exercícios relacionados aos temas das aulas, e ia resolvendo-os. Dessa forma, quando fiz a prova de nivelamento para o supletivo, consegui entrar diretamente na oitava série, e isso, para mim, já foi o primeiro sinal positivo de que o esforço valera a pena, afinal cheguei no Brasil sem absolutamente base alguma em nenhuma matéria.

Iniciei o supletivo da oitava série em maio de 2012. Assistia as aulas de manhã, das 8 ao meio dia, e passava o resto do dia estudando em casa, até de noite. Logo eu já estava muito mais adiantado nas matérias em relação ao que via no supletivo, o qual iria me servir apenas para receber o certificado de conclusão do ensino fundamental. Em setembro conclui o supletivo, recebendo então o certificado. A esta altura eu ja estava estudando os assuntos do ensino médio, seguindo à risca os conteúdos que faziam parte da ementa. O método de estudo era o mesmo que eu citei acima (vou fazer um post detalhado sobre como eu organizava os estudos em casa). Já havia me informado sobre o ENEM também, e decidi que não iria fazer supletivo para o ensino médio, pois no ato da inscrição no ENEM é possível selecionar uma opção para que este seja utilizado para a conclusão do ensino médio, mediante certos critério de pontuação. Fiz um plano ambicioso: continuar estudando fortemente durante o ano de 2013, prestar o ENEM e todos os vestibulares que eu pudesse, e ingressar em uma faculdade já em 2014.

Apesar de estar me dando relativamente bem com a organização dos estudos sozinho em casa, o conteúdo do ensino médio necessário para um bom rendimento em um vestibular de faculdade pública como a USP, UNICAMP e etc, é extremamente extenso. Decidi então que iria fazer um cursinho para me auxiliar nessa empreitada. Ainda que os cursinhos sejam direcionados para quem já fez o ensino médio, pois eles são uma espécie de "revisão intensiva" de todo o conteúdo programático, acreditei que seria capaz de acompanhar. Pesquisando os diversos cursinhos existentes, decidi prestar a prova de bolsas do Objetivo (unidade Paulista). Eles disponibilizaram o conteúdo que deveria ser estudado para a prova, e eu passei a estudar apenas este conteúdo, pois necessitava de uma boa bolsa devido aos elevados valores das mensalidades. Entre começar a estudar para a prova de bolsas e realizar a prova propriamente dita, tive cerca de 1 mês. Em dezembro de 2012 fiz a prova, e consegui um bom desconto nas mensalidades. As aulas do cursinho teriam início em fevereiro de 2013, e eu continuei meus estudos em casa até isso.
No próximo post irei escrever sobre o início das aulas no cursinho e a preparação para encarar os grandes vestibulares.

Um abraço à todos!





segunda-feira, 2 de fevereiro de 2015

Primeiro post da série: "Como eu vim parar na USP?" - Decidindo deixar o Japão

Olá!

Desculpem pela demora em fazer uma nova postagem, mas como prometi, vou descrever minha "saga". Como não deve ser novidade para nenhum dekassegui começar a trabalhar cedo, comecei ainda com 16 anos. A idéia de poder ter seu dinheiro, comprar suas coisas, enfim, ter uma certa "independência" seduz a grande maioria dos jovens brasileiros que vivem no Japão, e eu não fui uma excessão. Com uma adaptação conturbada na escola japonesa, frequentei apenas até a sexta série do "shougakkou", ou 小学校六年生. Ainda antes de terminar esse período, e devido a diversos problemas que estavam ocorrendo, meus pais decidiram me transferir pra uma daquelas "escolas brasileiras", que também são velhas conhecidas da comunidade aí. Não vou entrar muito em detalhes em relação a essas instituições, então resumindo: não cheguei a terminar a oitava série nessa escola, partindo então para o mercado de trabalho japonês. Dos meus 16 anos aos 24, trabalhei em diversos lugares, através de diversas empreiteiras. Sequer passava pela minha cabeça um dia entrar em uma faculdade, pois eu ia vivendo o dia a dia, sem perceber o tempo passar, com planos que iam no máximo até "comprar uma moto nova", ou "comprar o carro X". Bom, até aqui acho que não falei novidade alguma, esse relato com certeza serve pra muitos de vocês que estão aí.

Conforme o tempo foi passando, tinha meu carro, minha moto, "meu" apartamento (alugado obviamente"), fui sentindo que aquela rotina estava fazendo mal a mim. Sentia uma grande infelicidade durante a semana toda, com aqueles trabalhos robóticos e maçantes, sempre contando os minutos pra chegar nas folgas, as quais passavam em um piscar de olhos. Ainda não me passava pela cabeça voltar ao Brasil ( estava direto no Japão, sem ter retornado ao Brasil ) mas sentia que eu precisava fazer alguma coisa em relação a isso tudo.

Então, veio a grande crise de 2008. Meus pais, que na época já tinham uma idade avançada para os padrões do "mercado para dekasseguis", decidiram retornar ao Brasil de vez. Fizeram isso em 2009, e eu continuei aí. Com eles aqui no Brasil, comecei a pensar na possibilidade de vir pra cá, estudar, ter um objetivo de verdade pelo qual acordar de manhã todo dia e ir a luta, coisa que aí no Japão eu simplesmente não tinha. Com essa idéia amadurecendo aos poucos na minha cabeça, em 2011 conversei sobre isso com minha mãe, e ela obviamente me apoiou, ressaltando que, claro, não iria ser fácil. Um cara de 24 anos, que sequer terminou o ensino fundamental, ir para o Brasil e entrar em uma faculdade pública? Disputando com a galera que acabou de sair do ensino médio, com tudo fresco na cabeça? Difícil. Mas desde o início a minha vontade era de entrar na melhor faculdade. Em momento algum cogitei entrar numa "uniesquina". Se fosse pra largar tudo assim e ir tentar algo melhor, que fosse MELHOR mesmo!

Meus pais pesquisaram faculdades aqui no Brasil, foram ao campus da UFSCAR, da USP em São Paulo, e me enviaram diversos folhetos/informativos das universidades por correio. Aquilo tudo me deixou maravilhado, a idéia de um dia entrar numa boa faculdade e começar a trilhar um caminho firme, de fazer o que eu gosto, me seduziu, assim como a ideia de poder "consumir" havia me seduzido 8 anos atrás, quando comecei a trabalhar.
A decisão estava tomada: "voltarei ao Brasil para estudar, não quero mais essa vida no Japão, que apesar de ser cômoda, não me faz feliz".

No próximo post detalharei minha saída do Japão, viajem de 3 meses pela europa e, enfim, a chegada no Brasil, adaptação e início dos estudos.

Um abraço à todos!

domingo, 18 de janeiro de 2015

Post de inauguração

Olá!

Primeiramente prazer, sou Pedro Novak Nishimoto, tenho 27 anos, dos quais 14 vivi no Japão. Decidi escrever esse blog em um domingo de férias da faculdade, calor infernal lá fora e nada pra fazer. Pretendo transmitir minha experiência de ex-dekassegui que, como os quase 180 mil brasileiros que hoje estão no Japão (segundo a Wikipedia ), trabalham em sua grande maioria como mão de obra braçal em fábricas. Acredito que existam muitos potenciais por essas fábricas, fazendo suas 3 horas de zangyo (hora extra) diárias em trabalhos robóticos, que não acrescentam absolutamente nada em sua formação pessoal e intelectual. Espero conseguir inspirar/motivar algumas dessas pessoas a buscarem, através dos estudos, algo melhor em suas vidas, uma carreira de verdade, a realização profissional, enfim, tudo o que o estudo pode trazer.

O caminho é árduo? Sim, não vou dizer que não é. Mas fazer 3 horas de zangyo por dia, trabalhar de segunda a sábado e não ter nenhuma perspectiva de ascensão profissional também são coisas árduas.
Ao longo das postagens, irei detalhar toda a minha experiência de sair da condição de mais um trabalhador não especializado para estudante de Engenharia Física na Universidade de São Paulo, considerada a melhor universidade da América Latina e figurando entre as melhores do mundo.
Para quem já estava com alguma ideia desse ramo na cabeça, anime-se, você pode e DEVE ;)

Um abraço a todos!