quinta-feira, 12 de março de 2015

"Como eu vim parar na USP?" Pt.4 - Hora de ser testado!

Continuando então..(tá ficando longo heim =/)

O ENEM foi a primeira prova da lista de vestibulares que eu viria a realizar. Quando sua data já estava próxima (final de outubro de 2013), parei de fazer os simulados. Comecei a voltar para casa assim que a aula do cursinho terminava (12:50). Chegava em casa, almoçava e fazia resumo dos conteúdos estudados até então, além de continuar focando nas dificuldades, até mais ou menos às 8 da noite. Não vou negar, a essa altura eu já estava bem saturado, o ano havia sido extremamente puxado, além de toda a pressão psicológica que eu estava sentindo diante do que estava por vir.
Cerca de uma semana antes do ENEM eles enviam para cada um dos inscritos uma carta, com os dados sobre sua inscrição, local de prova etc. Apesar de não ser meu foco (pode-se utilizar a nota do ENEM para entrar em todas as faculdades federais do Brasil, como UFScar, UFMG, UFABC etc), minha ansiedade com essa prova estava batendo nas nuvens. Seria, afinal, a primeira prova DE VERDADE que eu iria realizar, a qual iria me dar o certificado de conclusão do ensino médio, além de ser a hora de testar o resultado de todo o trabalho árduo realizado até então.


Chegou então o dia da prova. O ENEM é constituído de 2 dias de prova, dos quais o primeiro versa sobre o que eles chamam de “Ciências Humanas e suas tecnologias“ e “Ciências da Natureza e suas Tecnologias“, as quais podem ser entendidas como História, Geografia, Física, Química e Biologia.
Meu local de prova era relativamente perto de onde eu estava morando, e meu pai me levou no dia da prova. Os portões são abertos uma hora antes do início da prova, e fecham EXATAMENTE no tempo que eles pré-definem. São clássicas as imagens de gente passando por baixo do portão fechando, ou mesmo chegando um segundo depois que estes fecharam. Nesse caso, só resta chorar. Tem que esperar o próximo ano, pois eles são intransigentes. Um segundo de atraso significa um ano de trabalho jogado no lixo. Como eu já sabia disso, fui precavido: cheguei ao local da prova mais de uma hora antes, por garantia. Abracei meu pai, ele me desejou “boa sorte“ (aqui entre aspas pois não se trata de sorte..), e logo vi que já havia uma boa movimentação no local. Minha prova foi em uma escola e estava fazendo um calor INFERNAL nesse dia. Fiquei do lado de fora esperando, e eu estava bastante nervoso. Entrei na sala faltando uma meia hora pro início da prova, e tentava de toda forma tranquilizar minha mente, pois um psicológico perturbado pode colocar tudo a perder.
O fato de eu ter realizado tantos simulados ao longo do ano me ajudaram bastante, pois apesar de não ser a mesma coisa que estar fazendo a prova PRA VALER, eles simulavam da melhor forma possível a atmosfera dos vestibulares. Eu ja tinha uma boa prática em relação ao controle do tempo, que é essencial em todos os vestibulares. No primeiro dia do ENEM, você tem 4h30min para fazer uma prova com 90 questões, cada questão possuindo 5 alternativas, das quais apenas uma é a correta. Façamos as contas: são 3 minutos para resolver cada questão. Trata-se de uma prova exaustiva, com enunciados longos, e que possui questões desde níveis bastante fáceis até outras extremamente complexas (estas em sua maioria na parte de interpretação de textos e exatas).

Os primeiros 15 minutos após o início da prova serviram apenas para eu me situar: lembro bem que li e reli a primeira questão VÁRIAS vezes, e quando eu olhava as alternativas, parecia que nem sabia do que se tratava. Eu estava MUITO nervoso, então esses primeiros 15 minutos serviram apenas para eu me acalmar e não por tudo a perder. Uma vez iniciada a prova, simplesmente não vi o tempo passar. Fiquei totalmente focado na resolução das questões, foi como se o mundo lá fora não existisse. Utilizei a mesma técnica que eu adotei nos simulados e que, para mim, funcionou bem: lia o enunciado duas ou no máximo três vezes, procurava eliminar as alternativas obviamente erradas e, se eu ficasse muito em dúvida ou não soubesse, passava para a próxima. Fiz a prova na ordem em que as questões vinham, sem escolher uma determinada matéria para iniciar. Dessa forma, repassei toda a prova cerca de 3 vezes, cada vez resolvendo as questões que haviam ficado para trás.
Ao terminar a prova eu estava exausto, com dor de cabeça, mas confiante. Tinha dito para mim mesmo que não iria corrigir a prova ao chegar em casa, pois no caso de ter ido mau isso poderia afetar meu desempenho no dia seguinte. O gabarito sai no mesmo dia, se não me engano às 20 horas.
O segundo dia de prova foi semelhante, porém este versa sobre “Linguagens, códigos e suas Tecnologias“, além de “Matemática e suas Tecnologias“, resumindo: Português, Literatura, Filosofia e Matemática, além da redação. Por causa desta última, o segundo dia de prova possui 5h30min de duração. Sim, é extremamente cansativo, e escrever uma redação nessas condições é um desafio. Novamente, ter escrito dezenas de redações ao longo do ano me ajudou muito, pois eu já estava com uma boa destreza em relação à isso. Fiz novamente a prova do mesmo modo que eu citei, e deixei a redação por último. Sai da prova de certa forma aliviado, havia sobrevivido ao meu primeiro grande teste!

Então, saiu o gabarito na internet e eu conferi: no total, 130 acertos, das 180 questões nos 2 dias de prova. Isso significa 72,2% de acertos totais, resultado que me deixou extremamente animado. O resultado da redação, que era de extrema importância, só viria sair quando o resultado final da prova saísse, com a pontuação de cada participante (no ENEM são é exatamente a quantidade de acertos que conta).
Segui então para os próximos vestibulares, que foram SEMANAIS. Ou seja, do final de outubro até o meio de dezembro eu prestei vestibular TODO fim de semana. No caso dos vestibulares (USP, UNICAMP, UNESP e UNIFESP), há a primeira faze e a segunda fase, apesar de algumas poucas diferenças entre cada um deles (não vou entrar em detalhes se não esse texto não acaba nunca :P).
O vestibular da FEI, que foi o único particular que eu prestei, possui apenas uma fase.

As provas dos vestibulares possuem um nível de dificuldade bem superior ao ENEM. A primeira fase da FUVEST, para mim, foi a mais difícil. Questões extremamente conceituais (90 delas), enunciados enxutos e diretos. Sem dúvida é uma prova que, para se sair bem, você TEM que estar com o conteúdo bem consolidado em sua cabeça. A primeira fase da UNICAMP possui apenas 48 questões, mas havia DUAS redações! Foi o único vestibular que eu fiz que tinha redação na primeira fase. A prova em si possui um nível de dificuldade inferior ao da FUVEST, mas as duas reações complicam tudo: o tempo simplesmente não é suficiente. Já a primeira fase da UNESP, que também tem 90 questões, tem um nível de dificuldade entre o da FUVEST e o da UNICAMP. O vestibular da FEI tinha 50 questões, e um nível de dificuldade médio.

Fiz os vestibulares na seguinte ordem: ENEM, UNESP, FEI, UNICAM e FUVEST. O procedimento de cda um deles foi bem similar ao do ENEM, com a diferença sendo, como eu já citei, a dificuldade. A prova da FUVEST foi destruidora. Questões realmente difíceis, muitas delas respondi sem ter certeza. Essa era a prova mais importante para mim, pois o que eu queria mesmo era a USP, e por isso sai do primeiro dia de prova bem desanimado, não achando que havia tido um bom desempenho.
No fim das contas, o saldo foi positivo: fui para a segunda fase em todos os vestibulares que prestei, além de ter passado na FEI também. Aqui, darei uma breve explicação sobre as segundas fases: diferentemente das primeiras, estas se tratam de provas dissertativas, ou seja, não existem alternativas para “escolher“. É necessário que você redija as respostas de cada questão, sejam elas de qual matéria for. No caso das questões de exatas, é necessário que se deixe todos os cálculos que foram utilizados na resolução dos problemas. Resumindo, essas são as verdadeiras provas FODAS. Não tem chute. Ou você sabe responder/resolver a questão, ou não sabe.

As segundas fazes foram de dezembro de 2013 à janeiro de 2014. Não lembro bem em qual ordem foram, mas vou arriscar: UNESP, UNIFESP, FUVEST e UNICAMP,  as duas últimas nas duas primeiras semanas de janeiro de 2014, respectivamente. As provas de segunda fase são bastante difíceis, apesar de serem constituídas por menos questões e haver um tempo razoável para suas resoluções. Obviamente a mais complicada foi a da FUVEST, com questões dificílimas. A única prova da qual eu sai com uma certa confiança foi a da UNESP. Fiz os 3 dias de provas e sai satisfeito, com reais esperanças de conseguir a vaga. No caso da USP, UNICAMP e UNIFESP, não sai muito confiante. Os resultados levariam cerca de 3 semanas para sairem, e até então, me restava apenas esperar. Havia concluído a tarefa que eu havia proposto à mim mesmo, pouco mais de 2 anos antes.

E agora? Bom, já que não havia mais o que fazer até saírem os resultados, eu PRECISAVA de um descanso. E eu tive esse descanso, adivinhem onde? :P
No próximo post, falarei sobre meu curto descanso no Japão e os tão aguardados resultados dos vestibulares.

Um abraço à todos!



segunda-feira, 2 de março de 2015

"Como eu vim parar na USP?" Pt.3 - Organização para estudos PESADOS

Olá pessoal!

Dando continuidade ao último post..

Fiz minha matrícula no Objetivo Paulista em dezembro de 2012 com 80% de bolsa, início das aulas previsto para fevereiro de 2013. Ao realizar essa matrícula lembro-me bem do pensamento que tive: "Pode dar certo! Talvez eu consiga mesmo entrar numa faculdade, quem sabe até mesmo uma pública!". Vocês podem me perguntar "ué, mas a essa altura você ainda tinha essas dúvidas?", e eu respondo: SIM. Sou uma pessoa um tanto quanto pessimista, dificilmente acredito que coisas improváveis possam acontecer, e era extremamente improvável que eu conseguisse entrar numa BOA faculdade pelos vestibulares DAQUELE ANO ainda.
Continuei, então, estudando sozinho em casa. Eu já estava estudando o conteúdo do ensino médio, e já estava bem regrado quanto aos meus horários e organização dos estudos, que eram feitos da seguinte forma: após uma boa pesquisa sobre os melhores livros didáticos para o ensino médio, encontrei-os na internet, em pdf, e utilizei esses livros para guiarem meus estudos. Foram os seguintes livros:



Da esquerda para a direita: Matemática Volume Único, Gramática da Língua Portuguesa, Os fundamentos da Física (são três volumes), Biologia Volume Único, além de uma coleção também em três volumes de química do Ricardo Feltre (esse último não possuo imagem). Para História do Brasil utilizei o livro do Nelson Piletti (também não possuo imagem).
As demais matérias, como História Geral, Geografia, Literatura, Filosofia, não consegui encontrar livros na internet, portanto em relação à essas matérias estudei sem livros, apenas pesquisando quais são os conteúdos cobrados nos vestibulares. Ah, tem também a redação, que é de EXTREMA importância para QUALQUER vestibular. Você TEM que saber escrever bem. Eu só viria começar a treinar redação no cursinho, por motivos óbvios.
Segui os conteúdos das matérias de acordo com a ordem em que aparecem nos livros, ou seja, desde seus respectivos começos. Acompanhava cada tópico com vídeo aulas no youtube (existem excelentes canais de praticamente todas as matérias, farei uma boa lista em um futuro tópico), pesquisas no Google, sites de estudos, fóruns, etc. Recursos existem aos montes. Uma vez estudados os conteúdos, eu praticava exercícios. MUITOS. As matérias que eu não possuía livros eram as que davam mais trabalho nesse quesito, pois precisava ficar procurando exercícios na internet para poder treinar a fixação dos conteúdos, e tinham que ser exercícios que tivessem resposta, de preferência. Isso demandava um bom tempo e era um pouco cansativo, mas tem-se que ter paciência mesmo.

Consegui excelentes resultados estudando dessa forma. Se tivesse ficado esperando iniciar as aulas no cursinho, sem fazer nada até então, teria sido muito mais complicado: como eu já disse, o cursinho é uma revisão intensiva, ou seja, se você não souber simplesmente nada e for querer aprender tudo lá, do zero, fica bem complicado. As aulas iniciaram na primeira semana de fevereiro, e eu obviamente não podia estar mais ansioso. Depois de tanto tempo sem saber o que era uma sala de aula (o supletivo que eu fiz nem entra nesse quesito) senti uma grande emoção quando entrei naquela sala de aula, enorme, lotada de jovens em busca do mesmo que eu. Com os primeiros dias e semanas de aula, vi também o quanto os meus estudos tinham rendido: muito do que eles davam lá eu já havia estudado em casa.
A minha rotina, então, ficou da seguinte forma:acordava as 5 da manhã, tinha aula no cursinho das 7 da manhã às 12:50, fazia pausa de uma hora de almoço (almoçava no cursinho mesmo), e ficava das 14 horas até mais ou menos 19 horas nas salas de estudo, onde também haviam monitores de todas as matérias para esclarecer dúvidas. Tinha aula de redação uma vez por semana, além de, também, escrever redação para as aulas de português, ou seja: escrevia duas redações por semana. Levava entre uma hora e uma hora e meia para chegar em casa, tomava banho, jantava e CAMA. Essa rotina era de segunda a sábado (no sábado tinha aulas das matérias específicas de exatas, ou seja, matemática, física e química).

Conforme os meses foram passando, as dificuldades foram ficando maiores. Eu obviamente não havia conseguido estudar todo o conteúdo necessário em casa sozinho (lembrem-se de como eu tive pouco tempo). Quando começaram os tópicos que eu nunca havia ouvido falar, minhas dificuldades aumentaram bastante. Havia simulados frequentes no cursinho, com provas simulando ENEM e vestibulares (USP, UNICAMP, UNESP etc). Mantive o ritmo que eu descrevi acima ininterruptamente até mais ou menos julho, quando houve as férias do meio do ano (aproximadamente 20 dias). Férias aqui deve ficar entre aspas.  Não estava tendo aula, mas continuei estudando fortemente em casa, seguindo praticamente o mesmo ritmo. Quando as aulas voltaram, o clima já estava quente: os vestibulares já estavam próximos, a inscrição para o ENEM estava prestes a abrir, eu ja começava sentir a pressão que estava por vir. Estava indo bem nas matérias, porém ainda possuía uma nítida dificuldade em exatas. São matérias que você necessita ter uma base muito sólida pra conseguir avançar nos conteúdos, e a minha base não era tão sólida assim. Tive que aprender tudo muito rapidamente, com pouco tempo para consolidar as coisas na cabeça.

A rotina ficou mais pesada depois que as aulas voltaram: havia simulado TODO FINAL DE SEMANA. E eu fiz TODOS. Os simulados duravam três dias (sábado, domingo e segunda) e iniciavam às 14 horas. Era uma loucura: assistia a aula normalmente, até 12:50, almoçava voando e entrava na sala para encarar uma prova de 4, 5 horas.
Em meados de agosto (não me lembro muito bem a data), as inscrições para o ENEM abriram. Fiz a minha logo no primeiro dia, e marquei a opção para receber o certificado de conclusão do ensino médio (sim, oficialmente eu tinha apenas o ensino fundamental, e estava querendo entrar na USP no ano seguinte...que rapazinho petulante.). Seguiram-se nos meses seguintes as inscrições para os outros vestibulares. Eu me inscrevi nos seguintes, além do ENEM: Fuvest (para a USP), COMVEST (para a UNICAMP), UNESP, UNIFESP e FEI (essa é uma faculdade particular).

Mas por que eu me inscrevi no vestibular de uma faculdade particular? Simples: no fundo, eu achava que havia grandes chances de eu não passar em nenhuma faculdade pública (que, como acredito que todos sabem, são as mais difíceis e mais conceituadas, no Brasil). Pensando nisso, decidi me inscrever também no vestibular da FEI, que é uma boa particular para Engenharia. Eu não teria condições de pagar a mensalidade, porém iria recorrer ao FIES (para quem quiser mais informações sobre o FIES, pode encontrar aqui). Não era nem de longe o que eu queria, mas, para mim, seria essa a saída caso não entrasse em nenhuma faculdade pública (o que eu achava que era o mais provável).

No próximo post, irei detalhar a época dos vestibulares, as provas, a tensão e tudo o que se sucedeu!

Um abraço à todos!