quarta-feira, 20 de janeiro de 2016

Auto-limitação: criando fronteiras

Olá pessoal!

Estou aqui, de férias, com meus fones de ouvido escutando "Hello" da Adele (essa música gruda), e comecei a refletir sobre o tema desse post. Comecei a pensar o quanto esse cara aí (ou será ela?) já me atrapalhou, me fez enxergar mais dificuldades do que realmente existiam em determinadas situações, ou mesmo onde elas sequer estavam presentes. Já devo ter dito aqui que sou uma pessoa pessimista, ainda que eu tenha superado as expectativas esperadas para pessoas que possuem essa característica. Mas quantas coisas será que nós acabamos deixando de lado por nos auto-limitarmos?

O maior problema da auto-limitação é que ela realmente funciona. Eu não imaginava onde era capaz de chegar porque eu realmente me limitava, me impunha fronteiras e acreditava cegamente que estas eram intransponíveis. Será que você não faz isso também? Dê uma analisada no assunto. Costumo falar aqui direcionado diretamente aos dekasseguis (trabalhadores brasileiros no Japão), mas o que tenho escrito serve para todos. E uma boa maneira de vencer isso, ou pelo menos diminuir o poder dessa prática inconsciente na sua vida, é se superar em algo. Como? Não sei ao certo, mas "mergulhar de cabeça" para atingir algum objetivo me soa como uma boa técnica. Isso é como quando se começa a fazer academia: você vai percebendo os resultados e assim alimenta a sua força de vontade. 

Quando eu estava no final do primeiro semestre da faculdade, fiquei algumas noites praticamente sem conseguir dormir, pois eu não havia ido bem nas primeiras provas do semestre (as famigeradas P1), e estava achando que ia reprovar na maioria das matérias. Comecei a pensar se eu de fato iria conseguir prosseguir com o curso. Gastei energia mental, fiquei deprimido, dormi mal. Tudo atoa. Passei em todas as matérias naquele semestre. Na realidade, vou iniciar o quinto semestre da faculdade (terceiro ano) e, até agora, possuo apenas uma reprovação. Eu não tive uma base de estudos forte, não tive tempo de consolidar o que eu precisava para poder cursar as matérias que eu estou cursando. Confesso que tenho mais dificuldade do que muitos dos meus colegas, mas eu compenso isso com empenho.

Pois é, é difícil de evitar os clichês..com empenho você acaba conseguindo. Mas se você tiver preguiça, aí já é assunto para um outro post, pois essa talvez seja ainda pior do que o tema deste aqui.

Um abraço !

2 comentários:

  1. Olá!

    Sou o cara que comentou na postagem anterior.

    Sobre essas situações de se "autolimitar", realmente acontece e muito. Lembro-me quando estava no primeiro período na faculdade. Naquela época, o vestibular não era para a habilitação de engenharia diretamente (ou seja, o cidadão fazia o vestibular para engenharia genérica e depois, após o quarto período, depois de completar o ciclo básico, fazia a opção pela habilitação: elétrica, civil, mecânica, etc...). O primeiro período foi uma pedreira: cálculo 1, física 1,cálculo vetorial, geometria analítica, álgebra linear, geometria descritiva e mais alguma coisa que não lembro agora (mais de 20 anos). Na minha turma havia um monte de repetentes. No final, numa turma de 45, passaram 3. Um passou direto, sem prova final. Dois conseguiram passar na prova final, para a qual foram 26 aluno, eu inclusive. Os restantes foram reprovados direto. Essa reprovação ferrou com a minha vida para todo o resto da minha vida acadêmica lá na federal... por quê? Porque além das matérias serem totalmente cascudas, havia os pré-requisitos. Se eu não passei em cálculo 1, não podia fazer cálculo 2. Mas, pior ainda: também não podia fazer física 2, pois, apesar de haver passado em física 1, para cursar física 2 era necessário haver passado também em cálculo 1. E tinha mais outros pré-requisitos. Que raiva. Eu tive 3 reprovações em todo o curso: cálculo 1, física 3 e álgebra linear.

    Assim como você, eu me preocupava muito. Muito mesmo. Cheguei a um ponto de tensão e "stress" que eu fiquei doente, tive até que parar de estudar. Acabei perdendo 2 semestres, fiquei muito mal. Hoje, depois de todos esses ano, percebo que NÃO vale a pena se aborrecer e queimar a mufa com isso. Não vale a pena. Não há dinheiro no mundo que pague você dormir bem e acordar bem. Na realidade, eu não acredito em mais nada, mas, essa é uma outra história.

    (CONTNUA)

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  2. (CONTUNAÇÃO)

    Sobre a sua resposta ao me texto na outra postagem: interessante você dizer que 99% dos dekasseguis brasileiros que estão trabalhando no Japão são trabalhadores braçais que realizam atividades robóticas e repetitivas (foi o que eu depreendi do que você escreveu) e que nem dominar a língua japonesa dominam. Vou contar uma história curiosa: quando eu estava no início da faculdade, coisa assim de 3o. período, estudando que nem um desgraçado e sem um puto no bolso (sabe como é, né? Universidade federal, curso de engenharia, tempo integral, tinha aula das 8h da manhã até as 18h, chegava em casa quase 21h, morto de cansado...). Tinha um amigo que é um cara bacana, a gente já se conhece há muitos anos, e a gente compartilhava vários gostos, especialmente musicais. E então eu sempre que podia, passava na casa dele para a gente bater um papo e curtir uns sons. Acontece que uma prima dele era casada com um nissei (acho é isso, né? O cara era filho ou neto de pai japonês e mãe japonesa) e o cara morou uns 3 anos no Japão. Pois bem, o lance é que o cara era muito, mas muito marrento. Vou dar um exemplo: como a gente era duro, eu e esse meu amigo, éramos duros igual a um coco, a gente tinha para ouvir som usando fita cassete (você pegou isso? Estou velho...). E, claro, como a gente só conseguia umas gravações que eram a cópia da cópia da cópia e se escutava mais chiado que música propriamente dito. Mas, enfim, a gente estava lá, amarradão, tentando ter um pouco de prazer naqueles sons, e o japa chegava e ficava dizendo que não consegui ouvir aquele som pois era muito "impuro", porque lá no Japão os CDs eram de altíssima qualidade, que eram CDs feitos de ouro, super-hiper-mega-ultra produzido e coisa e tal, blá-blá-blá e muito blá-blá-blá. O cara cagava uma goma fudida, que ganhou muito dinheiro e coisa e tal, mas voltou para o Brasil. Eu interpelei o sujeito da razão de ele ter voltado pro Brasil, afinal, o Japão era a 2a. economia do mundo, um IDH poderoso, afinal, uma super nação, com tudo do bom e do melhor. Aí o mancebo disse que estava com saudades da família, da mulher, da filha pequena e tal. Parece-me que ele voltou de lá com muito dinheiro mesmo, tanto que ele montou uma oficina dessas de fazer alinhamento, cambagem e mais um monte de coisas. Mas o que mais foi foda, foi saber que o cara cagava essa goma toda e era muito zé ruela aqui no Brasil antes de ir para lá: pelo que esse meu amigo me contou, o cara era soldado PM aqui no RJ e a coisa estava muito ruim naquela época e ele estava distribuindo um monte de currículos e deu a sorte de ter entregado o currículo dele na fábrica da Michelin aqui no RJ e, segundo a história, eles lá da Michelin estavam precisando de um cara que fosse nissei e soubesse alguma coisa de japonês para ir trabalhar lá na Michelin do Japão. Essa era a pedra que ele cantava. Mas, a julgar pelo nível de instrução d cara e pelo que você diz que 99% dos dekasseguis brasileiros lá no Japão fazem é trabalho braçal sem nem saber falar japonês, acho que ele era desse tipo também. Ele deve é ter cansado de trabalhar tanto lá, isso sim.

    Bem, falei demais, depois eu escrevo mais.

    Forte abraço.

    Fernão Capelo Gaivota.

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